Temos visto muitas mobilizações aqui na USP que acabaram em nada, ou então, conquistaram tão pouca coisa que você acaba se perguntando: valeu a pena ?

Essa sensação de luta frustrada, para um movimento social, é extremamente perversa, pois essas mobilizações acabam ficando desacreditadas e cada vez menores. Se é para iniciar uma luta como esta temos que
estabelecer objetivos claros e precisos e somente terminar o movimento quando conquistá-los. Ainda mais quando o ápice da luta foi atingido, ou seja, quando se realizou uma ocupação como esta.

Isso tem que ser decidido para que saibamos o que fazer no caso de não se chegar a um acordo e a polícia tentar invadir o prédio. O que fazer ? Correr ? Para que lado ? Enfrentar a polícia ? Com que arma ? Incendiar o prédio ? Onde está a gasolina ? Etc...

Essas questões têm que ser discutidas, pois precisamos estar preparados, principalmente, para a eventualidade de uma invasão durante a madrugada. Se é para resistir bravamente e fazer com que esse movimento entre para a história, tudo tem que ser arquitetado antecipadamente e as pessoas preparadas para o que der e vier.

Assinalo que a prudência é uma virtude e estamos lidando com gente traiçoeira que não cumpre o que fala. Basta lembrar que a Reitora não compareceu à reunião marcada.

Agora se esse movimento é mais um daqueles que não dará em nada. É apenas mais uma teatro enganador ou um movimento de moleques, ou seja, uma farra; é bom não perder muito tempo. Contudo, alerto que isso afetará profundamente a credibilidade desse tipo de mobilização social e, na próxima vez, poucos irão participar, pois ninguém vai querer se expor tanto para não alcançar nada. A nossa reputação está em jogo, assim como a eficiência desse tipo de movimento.

Além disso, é fundamental estabelecermos um mecanismo para o caso de descumprimento do acordo firmado, ou seja, os professores fecham um acordo que é bom para ambas as partes, acaba o movimento e, na semana seguinte, rindo da nossa cara eles dizem que não irão cumprir o acordado. O que faremos ? Batemos na cara deles ? Invadimos novamente ?

Outra questãopertinente refere-se à busca de apoio político, principalmente dos governantes, deputados e senadores que se elegeram com votos dos estudantes. Votamos neles para que apóiem lutas como estas e usem do poder que adquiriram da coletividade, principalmente dos estudantes, em favor da coletividade. Certamente, uma pressão política de Brasília sobre a USP seria um ponto decisivo a nosso favor.

Mais do que isso, fechando uma articulação com Brasília os benefícios do nosso movimento aqui na USP pode chegar a todos os estudantes brasileiros, principalmente nas questões que envolvem assistência estudantil e sucateamento das Universidades Públicas.

Que a nossa luta não seja vã e que beneficie o maior número possível de estudantes brasileiros. A assistência estudantil tem que ser um direito de todo estudante de escola ou universidade pública. Tem que ser um direito declarado em lei e não uma mera liberalidade da instituição.