Os estudantes da Universidade de São Paulo (USP buscar), na Zona Oeste da capital, decidiram em assembléia na noite desta quarta-feira (16) manter a ocupação do prédio da reitoria e declarar greve a partir de quinta-feira (17).

O movimento ganhou apoio do Sindicato dos Funcionários da USP (Sindusp), que também vai integrar o grupo, acampado na reitoria desde o dia 3 de maio.

A assembléia ocorreu após os estudantes receberem o mandado de reintegração de posse deferido pelo juiz Jaime Martins de Oliveira Neto, da 13ª Vara da Fazenda Pública, no Fórum João Mendes, por volta das 18h. Os coordenadores do movimento estimam que cerca de dois mil jovens participaram do ato.

Segundo os alunos, policiais acompanharam o oficial de Justiça para a entrega da ordem. Nenhum dos estudantes quis assinar o documento. A assessoria de imprensa da Polícia Militar afirmou que a corporação não foi acionada para atuar em uma ação de reintegração de posse na USP.

A universidade havia estipulado um prazo até as 16h dessa terça-feira (15) para que os estudantes desocupassem o prédio invadido. A continuação das negociações estava condicionada à saída dos manifestantes da reitoria. No entanto, os alunos decidiram manter a ocupação e a instituição decidiu adotar medidas judiciais.

Medidas insuficientes

Os estudantes divulgaram os motivos da rejeição do acordo proposto pela reitora Suely Vilela em uma carta publicada na noite de sexta-feira (11) no blog mantido por eles. O grupo já havia dito que a proposta da reitora era insuficiente.

A respeito de um dos pontos principais de reivindicação, a moradia estudantil, os universitários afirmam que a proposta não atende às necessidades e, por isso, ?aceitá-la seria adiar mais uma vez a resolução de um problema histórico?. A reitoria propõe construir 334 vagas nos campi Butantã, São Carlos e Ribeirão Preto ? os estudantes querem ao menos 771.

Reivindicações

A moradia estudantil é um dos 13 pontos de reivindicação dos estudantes. Além dela, são considerados prioritários o posicionamento público da universidade sobre os decretos do governo estadual que, segundo os alunos, ferem a autonomia universitária, e a contratação de professores.

Na segunda-feira, o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), formado pela USP, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Estadual Paulista (Unesp) divulgou um comunicado no qual afirma que a autonomia das entidades ainda não foi prejudicada pelas novas regras.

Também não houve acordo sobre a contratação de professores. A reitoria havia informado que as contratações de docentes serão divulgadas até o dia 30 de maio. ?Não houve manifestação quanto à efetivação dos professores e funcionários contratados em regime precário e/ou terceirizados?, responderam os estudantes, em carta.

Boletim de ocorrência

A assessoria de imprensa da USP informou que vai fazer um boletim de ocorrência para registrar o fato de documentos sigilosos da entidade terem sido divulgados sem autorização durante a ocupação do prédio da reitoria. A universidade evita fazer acusações diretas a estudantes ou ao movimento de ocupação. Os alunos afirmam não ter havido extravio de documentos, porém ainda vão analisar a questão antes de um pronunciamento.

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Prova de crimes não são documentos sigilosos:

O boletim de ocorrência da USP quer desviar o foco da questão. O que foi divulgado não são documentos sigilosos, mas sim provas de crimes. Documentos que comprovam a violação dos princípios da administração pública.

Certamente, os crimes e as violações dos princípios da administração pública não serão investigados. Serão encobertos, como sempre se faz na USP.

Contudo, quem publicou os documentos deverá sofrer processo administrativo, pois não deveria ter levado ao conhecimeno da sociedade os crimes cometidos e as violações que são praticados nos bastidores da USP.

Eu, Leonildo Correa, publiquei esses documentos. Eu quero responder aos processos por tê-los publicados. Farei isso para desmoralizar a justiça, os juízes e toda a corja que estará me processando.

Com isso ficará claro, de uma vez por todas, que o judiciário e o direito são uma farsa. São instrumentos de dominação e controle da coletividade. Instrumentos que existem para satisfazer os interesses dos grupos dominantes e escravizar o povo.