Jornal Nacional é novela, não é jornalismo

Depois de observar a sequencia de deslizes, parcialidade e superficialidade do Jornal Nacional, eu cheguei a conclusão de que esse programa é mais uma novela da Globo. Uma novela estrelada pelo casal dramático Willian Bonner e Fátima Bernardes e encenada ao vivo por repórteres modelos. É mais uma espécie de linha direta da desinformação. Lembrem-se a meta do Jornal Nacional é desinformar e não informar.

Inclusive a Globo é perita na arte de mentir e encenar. Basta ver que o produto mais vendido pela Globo são as novelas. Novelas são mentiras. Acho que o excesso de mentira das novelas contaminou o Jornal Nacional, transformando-o em outra novela.

Também concluí que a Revista Veja não é uma revista de informação, mas sim de humor e anedotas. Eles inventam cada coisa. Contam cada mentira, uma mais cabeluda do que a outra.

Agora leia o texto abaixo que foi falado ontem no Jornal nacional e você vai entender o que eu estou dizendo.

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Notícia que saiu ontem no Jornal Nacional:
http://jornalnacional.globo.com/Jornalismo/JN/0,,AA1542821-3586-677848,00.html


Estudantes e funcionários da Universidade de São Paulo se recusam a acatar uma decisão da Justiça. Eles ocupam o prédio da reitoria há duas semanas.

Na frente da reitoria da maior universidade pública do país, lonas, sacos de areia e faixas. Há duas semanas, um grupo de alunos ocupa o prédio. E, desde ontem, parte dos estudantes está em greve.

Eles reivindicam, entre outros itens, a contratação de professores, 600 novas vagas nos alojamentos estudantis e que a reitoria não cumpra um decreto do governador de São Paulo, José Serra, que determina a publicação das contas das universidades estaduais.

Para os alunos, a medida interfere na autonomia da universidade, um direito constitucional. Segundo eles, pode até atrapalhar a contratação de professores.

Mas o governo do estado diz que não. É apenas uma prestação de contas à sociedade para saber onde o dinheiro está sendo aplicado, como acontece em toda a administração pública.

?A autonomia está preservada, porque ela não, nem sequer, arranhada. Não houve nenhum prejuízo à autonomia. Eles falam que nós estamos proibindo a contratação de professores. Os professores estão sendo contratados normalmente?, garantiu José Aristodemo Pinotti, secretário de Ensino Superior de São Paulo.

Os funcionários da USP, em campanha salarial, decidiram também criticar o decreto. Entraram em greve e se uniram aos estudantes na ocupação do prédio.

Uma decisão da Justiça já determinou a reintegração de posse do prédio da reitoria da Universidade de São Paulo. Ou seja, a saída imediata de lá de dentro de alunos e funcionários que participam da manifestação. Mas eles reafirmaram hoje, durante todo o dia, que não vão sair.

"Foi deliberado em assembléia geral de alunos da USP. Então cabe a nós respeitar uma deliberação democrática, onde todos os alunos da USP têm direito a voz e voto", declarou João Paulo Sebastião, da Comissão Acadêmica da USP.

Os funcionários que, hoje, fizeram um protesto na Assembléia Legislativa, dizem que também vão ficar no prédio, mesmo com a decisão da Justiça.

"Nós estamos dentro da nossa universidade, ali não tem ocupação externa, de gente de fora. Nós estamos usando um método legítimo de pressão", acredita Magno de Carvalho, do Sindicato dos Funcionários da USP.

Para o secretário estadual de Ensino Superior, a permanência de estudantes e funcionários no prédio é uma teimosia que fere uma decisão da Justiça.

"Eu acho que, no mínimo, fica um ato ilegal. As greves são democráticas, mas elas têm limite. Não há razão pra eles continuarem lá. O que eu espero é que eles saiam pacificamente de lá", completou Pinotti.

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Comentando a encenação:

A primeira frase do texto tem por finalidade desqualificar o movimento de ocupação. Começam dizendo que os alunos se recusam a acatar uma decisão judicial. Com isso eles querem dizer que quem não acata decisão judicial, não tem razão. Não importa o que peça. Além disso, inverteram a ordem do problema, ou seja, primeiro vieram os problemas, as nossas reivindicações, a indiferença da Reitora, a ocupação do prédio e, por último, a reintegração de posse.

O Jornal Nacional começa pela recusa dos alunos em cumprirem o mandado de reintegração (inclusive nem recebemos) e, a partir disso, desenvolve a questão. Com isso insinuam para a sociedade que aqui só desordeiros, gente que não cumpre odem judicial, etc.

Em outro ponto dizem que nós não aceitamos os decretos porque eles tornam as contas da USP transparente. Isso é mentira, pois os decretos não são só isso. Se fossem não estaríamos nem aí para os decretos. Mas não, eles impedem contratação, impedem a entrada de recursos nas Universidades, criam a secretaria da picaretagens (Secretaria do Ensino Superior) e dão poderes para o Pinóquio pedir vaga por meio de ofício, sem vestibular e sem concurso.

Se os decretos fossem só transparência nos gastos, não seriam necessários tantos decretos e com letras tão miúdas. Esses decretos são o começa de uma coisa maior que virá depois: a privatização das melhores Universidades Públicas Brasileiras (USP, UNICAMP, UNESP). Juntas essas Universidades representam 1/4 da produção científica nacional.

Por isso, não podemos aceitar a quebra de autonomia. Quebrou agora, depois não recupera mais. Se isso passar agora, irão fazer coisa muito pior mais tarde. E a Universidade Pública foi para o brejo. Resultado: os filhos do Willian Bonner e da Fátima Bernardes não terão onde estudar. Vão ter que ir para uma UniLixo.

Além disso, o Jornal Nacional fixou na suposta transparência e nos decretos. Não falou detalhadamente das salas de aula que chove dentro. Deveriam ter mostrado os vídeos do YouTube com a cachoeira da História. Não falou detalhadamente da falta de professores e nem da falta de moradia estudantil. Citou isso, mas não disse o tamanho do problema que isso representa.

Que decepção, Willian Bonner !!! Esqueceu do prato em que comeu ?? Esqueceu que foi aluno da USP?? Por que atira pedras em nós que lutamos bravamente para manter intacto o patrimônio da coletividade ??