sábado, 12 de maio de 2007

Ocupação da reitoria da USP - Por que eu luto com tanta obstinação
Por Leonildo Correa 12/05/2007 às 19:47

Conto a minha história não para remexer cadáveres do passado, mas para que todos saibam porque essa ocupação é importante e porque eu, assim como outros, lutamos com tanta obstinação. Somente aqueles que sentiram o ferro em brasa da opressão no lombo podem lutar assim.

Alguns indivíduos estão dizendo que estou exagerando na defesa da ocupação da reitoria da USP. Contudo, essas pessoas ainda não compreenderam que esse movimento lavou a minha alma, pois ele abriu a possibilidade de executar uma série de mudanças dentro do sistema perverso que controla a Universidade. Assim, nenhuma outra pessoa passará pela opressão, humilhação e exclusão pela qual eu passei aqui.

Se você não sabe da história, eu estou enviando os endereços onde tudo isso foi contado, inclusive dos textos que publiquei no CMI em 2005.

Texto 1 - Publicado no CMI em 24/10/2005 At 17:56
http://brasil.indymedia.org/en/red/2005/10/333896.shtml

Outros textos e documentos no meu site:
http://leonildoc.orgfree.com/crimes.htm


Depois de ler esses textos você verá que nós temos usar todas as nossas forças e inteligência para mudar esse sistema perverso e excludente, garantindo justiça e direitos àqueles que estão por vir. Eu fui oprimido e excluído porque não há uma lei que garanta a assistência estudantil como direito do aluno. Tentaram, de todas as formas possíveis, expulsar-me da Universidade e, para isso, bloquearam o meu acesso às bolsas estudantis. Sendo as bolsas liberalidades da instituição, é fácil, muito fácil mesmo, prejudicar o aluno que necessita delas. Basta impedi-lo de recebê-la e, assim, expulsá-lo da universidade. Usam a exclusão econômica para impor a exclusão intelectual e social.

Mas eu resisti. Lutei com todas as forças e derrotei o sistema. Contudo, as regras continuaram as mesmas. Passaram a respeitar-me, porém, continuam fazendo com os outros aquilo que fizeram comigo. Por isso, não podemos perder, de forma nenhuma, essa possibilidade de mudar o sistema e suas regras.

Conto a minha história não para remexer cadáveres do passado, mas para que todos saibam porque essa ocupação é importante e porque eu, assim como outros, lutamos com tanta obstinação. Somente aqueles que sentiram o ferro em brasa da opressão no lombo podem lutar assim. Nós sabemos que o sistema é desgraçado e que ele está expulsando muito aluno pobre, estudante de escola pública, dessa universidade. Por isso a assistência estudantil é importante. Por isso essa ocupação lava a minha alma e a de outro.

Portanto, engana-se quem pensa que eu estou escrevendo para aparecer. Não, não é isso. Estou escrevendo para que justiça seja feita e as próximas gerações não passem pelo que eu passei. Lutar contra esse sistema é lutar contra o mal que ele representa. COntudo, eu ressalto, a minha história é um exemplo de injustiça, mas ela não deve ser usada contra as pessoas que praticaram tais injustiças. Não precisamos puni-las com ferro e fogo, pois o mal que se faz aqui na terra é igual um bumerangue, ele sempre volta com a força dobrada com que foi lançado.

Outro ponto que é importante citar refere-se ao fato de não ter sido aberto nenhum processo administrativo para apurar as coisas que eu denunciei. E, para piorar, no final do ano passado abriram um processo administrativo visando punir-me por denunciar tais fatos. Esse processo está correndo na Faculdade de Direito. Isso é uma amostra da perversidade e maldade que caminha aqui dentro da USP. Temos que mudar isso. Não podemos deixar que outras pessoas sejam vítimas desse sistema.

Deus salve a ocupação.

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