sábado, 26 de janeiro de 2008

O movimento, a revolução e as idéias
Por trás deste movimento tem haver mais do que pele e osso. Tem que ter idéias e objetivos claros e definidos. Idéias são a prova de bala, de assassinato, corrupção, chantagem, etc. Idéias passam de pessoa para pessoa, de geração para geração, contaminando toda a sociedade.

Pode-se matar uma pessoa, mas não se pode matar uma idéia, um propósito, um destino.
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Está chegando a hora de deixar a Universidade e ir para as favelas, para as periferias, para o meio da coletividade. Minha sina não será diferente da sina do meu povo. (Filme: Star Wars I - Ameaça Fantasma). Contudo, antes disso preciso construir e fundamentar a parte espiritual da revolução. É a parte espiritual que leva um homem a lutar e a oferecer a própria vida para o bem de todos, para salvar as futuras gerações. É a parte espiritual que faz um homem amarrar bombas ao próprio corpo e explodir com o inimigo.

Certamente, eu não pretendo construir um fundamento espiritual tão radical e extremo. Mas devo construí-lo de forma que a luta dure enquanto durar a dominação, a opressão, a exploração e as injustiças. Enquanto a igualdade de direitos e condições não forem alcançadas e uma minoria estiver oprimindo a maioria, a luta tem que durar.

Além disso, o fundamento espiritual tira a importância das lideranças e das pessoas e põe o motivo na realidade. Não lutam pelo Leonildo, ou por fulano ou por sicrano. Lutam porque há uma dominação, uma opressão, a exploração e a escravidão sobre todos. Lutam por si mesmos, por suas consciências, por suas liberdades e para que as próximas gerações nasçam livres e em uma sociedade fundada na justiça, no direito e na vontade da maioria.

Eu não sou importante. A minha pessoa não é importante. Essenciais e necessárias são as minhas idéias e visões. Elas é que mostrarão o rumo e que motivarão a luta, seja por um, dois ou dez mil anos. A vida é passageira. A consciência e as idéias são eternas. Por isso, o que fazemos em vida ecoa na eternidade.
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É uma crença nascida na dor. Não na política. (Filme: Minority Report)
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"Lembre-se, lembre-se, do dia 5 de novembro. A pólvora, a traição e a conspiração. Não vejo razão para que a pólvora da traição jamais seja esquecida.

Mas e o homem ? Sei que se chamava Guy Fawkes. E sei que em 1605 ele tentou explodir as casas do Parlamento. Mas quem ele era na realidade ? Como era ?

Lembramos da idéia totalmente, mas não do homem. Pois um homem pode fracassar. Podem capturá-lo, matá-lo e esquecê-lo. Mas uma idéia, quatrocentos anos depois, ainda pode mudar o mundo.

Presenciei pessoalmente o poder das idéias. Vi pessoas serem mortas em seu nome...e morrerem defendendo-as.

Mas uma idéia não pode ser beijada, tocada ou abraçada. Idéias não sangram, sentem dor, ou amam." (Abertura do Filme V de Vingança)
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Por trás deste movimento deve haver mais do que pele e osso. Tem que haver idéias. Idéias são a prova de bala. Passam de pessoa para pessoa, de geração para geração, contaminando toda a sociedade. Pode-se matar uma pessoa, mas não se pode matar uma idéia, um propósito, um destino.

"Há mais de cem anos, o poeta alemão Heine advertiu os franceses a não subestimarem o poder das idéias: os conceitos filosóficos alimentados na tranqüilidade do gabinete de um professor poderiam destruir uma civilização. Citou ele a Crítica da Razão Pura, de Kant, como a espada com que fora decapitado o teísmo europeu, e descreveu as obras de Rousseau como a arma ensangüentada que, em mãos de Robespierre, destruíra o antigo regime." (Isaiah Berlin -- Quatro Ensaios sobre a Liberdade).
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V, no filme V de Vingança, não quer meramente um acerto de contas pessoal. Verdade que ele não esquece e nem perdoa os horrores que viu e sentiu durante os primeiros anos de instalação do regime que agora surge para combater, com direito a experiências genéticas em campos de concentração que não deixavam nada a dever às dos nazistas em sua melhor forma. Mas, se fosse apenas isso, bastaria a ele eliminar os responsáveis pelo seu sofrimento (o que ele, efetivamente, faz — metódica e eficientemente, aliás).

Mas a cruzada de V não se restringe a pessoas. Sua amplitude é muito maior: ele quer matar todo um regime político. Não se conforma com a realidade que o cerca. Não se submete — e não admite que as outras pessoas se submetam. Quer abrir os olhos de seus concidadãos para o fato de que a realidade em que vivem não é a única possível.

Quer mostrar que o povo não deve temer um governo, mas todo governo deve temer o povo. Quer esquartejar a ideologia dos que detêm o poder. Sua vingança, portanto, transcende o mero gosto pelo sangue de seus algozes. E o fato de ele poder unir as duas coisas em sua cruzada, já que seus algozes são todos membros do próprio sistema que ele quer ver eliminado, é apenas uma feliz coincidência.

Ele quer erguer toneladas de poeira, resultado da explosão de tudo o que for um símbolo do poder instituído. Busca, acima de tudo, eliminar um governo por suas próprias mãos. Nenhum passo de V é dado por acaso: ele se preparou durante anos a fio, em várias frentes, matando quem o torturou sem deixar pistas, minando pouco a pouco toda a estrutura do estado policial que o cerca sem ser jamais pressentido, a não ser quando ele mesmo decide que é hora de subir ao palco.
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O Povo não deve temer o governo. O governo é que deve temer o povo.

Evey -- Acha mesmo que explodir o Parlamento tornará esse país melhor ?

V -- Certeza não existe, oportunidade, sim.

Evey --E você vai tornar isso possível explodindo um prédio ?

V -- O prédio é um símbolo, assim como o ato de destruí-lo. O poder dos símbolos vêm das pessoas. Sozinho um símbolo não tem sentido. Mas com gente suficiente, explodir um prédio pode mudar o mundo. (...)"
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Discurso de V na TV
"Boa noite, Londres. Primeiro, quero pedir desculpas por utilizar esse canal de emergência. Como muitos de vocês, eu também aprecio os confortos da rotina diária, a segurança do que é familiar, a tranqüilidade do repetitivo. Gosto disso, como qualquer um.

No intuito de comemorar eventos importantes do passado, geralmente associados à morte de alguém ou o fim de alguma horrível luta sangrenta, vocês celebram um feriado legal.

Achei que podíamos marcar esse dia 5 de novembro, um dia que certamente não é mais lembrado, tirando um dia das nossas vidas diárias para sentar e bater um papinho.

Claro que há alguns que não querem que falemos. Neste momento estão gritando ordens nos telefones e homens armados estão a caminho. Por que ?

Porque enquanto o cassetete é usado no lugar da conversa as palavras sempre manterão seu poder. As palavras expressam um significado e são para aqueles que aceitam ouvir a revelação da verdade. E a verdade é que há algo terrivelmente errado com este país, não é ?

Crueldade e injustiça, intolerância e opressão. Enquanto que antes vocês tinham a liberdade de objetar, de pensar e falar o que quisessem, hoje têm a censura e sistemas de vigilância coagindo vocês a conformidade e a submissão.

Como isso aconteceu ? De quem é a culpa ? Certamente uns são mais culpados que outros, mas serão responsabilizados. Mas o certo é que se quiserem achar o culpado, basta olharem no espelho.

Sei porque fizeram isso. Sei que estavam com medo. Quem não estaria ? Guerras, terror, doenças. Milhões de problemas conspiraram para corromper sua razão e roubar seu sentido comum. O medo os dominou. E em seu pânico, recorreram ao Alto Chanceler. Ele lhes prometeu ordem e paz. E a única coisa que pediu em troca foi seu consentimento calado e obediente.

Ontem à noite, busquei acabar com esse silêncio. Ontem à noite destruí o velho Barley (Edifício da Justiça) para lembrar este país o que está esquecido.

Mais de 400 anos atrás um grande cidadão quis incrustar o dia 5 de novembro para sempre em nossa memória. Sua esperança era lembrar ao mundo que retidão, justiça e liberdade não são meras palavras. Elas são perspectivas. (...)"
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V busca destruir para reconstruir, eliminar a opressão para fazer florir a liberdade, explodir uma realidade para que outra possa se erguer sobre os escombros.

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