Cruspianos fazem bonito na USP Leste
Por Jorge Alberto S. Machado*(Texto extraído do informativo Isto É Coseas, Ano VII, n.o 26, abril de 2005, pág. 2)
O ingresso de cerca de dez ex-moradores do CRUSP no corpo docente da USP Leste, por meio de um dos concursos mais disputados da história da USP - e menos contestado na justiça, denota não apenas o mérito dos mesmos, como o êxito da assistência estudantil. Num processo de seleção que envolveu 807 inscritos, oriundos de todo o país, os ex-cruspianos ficaram com cerca de 15% das 59 vagas preenchidas. Entre os uspianos aprovados, calculo que esse índice chegue aos 35%. Isso é surpreendente, pois sabemos que os moradores do CRUSP não são nem 2,5% dos estudantes de toda a USP.
Esses números colocam em evidência que o apoio a estes estudantes foi um ótimo investimento para a universidade, pois propiciou que indivíduos provenientes de famílias de baixo poder aquisitivo e até de situações de risco, pudessem ter o suporte necessário para uma formação científica e cultural sólida e de destaque. Esse resultado denota a importância de uma política de ação afirmativa que visa apoiar os estudantes provenientes das camadas mais baixas da sociedade.Muitas vezes, o CRUSP é visto como "problema" para a USP, desperdício de recursos públicos ou mesmo "privilégio".
Ademais, não raro os moradores do CRUSP são tratados com preconceito pelos demais estudantes, professores e até por membros da direção da universidade, tachados de "acomodados" ou "vagabundos". Essa visão revela um grande equívoco. Além das notas altas obtidas pelos moradores do CRUSP, estes sempre demonstraram uma enorme disposição e dedicação às atividades de pesquisa e extensão realizadas na universidade. Na minha opinião, o resultado do concurso se explica, em grande parte, por isso.
A meu ver, há que destacar que o CRUSP possibilita uma singular oportunidade de socialização e vivência num meio bastante diversificado, propício ao intercâmbio cultural e intelectual. Esse rico ambiente proporciona ao estudante meios para desenvolver outras habilidades que não são facilmente passadas em salas de aula, tais como: conhecimento crítico e preocupação com a realidade social, solidariedade, capacidade de trabalho em equipes diversificadas e grande autonomia pessoal. Todas estas características são fundamentais ao profissional e ao cidadão que a universidade requer e a sociedade necessita.
Não tenho dúvida de que minha experiência no CRUSP foi fundamental para a minha formação humana e profissional. Seguramente, ela me acompanhará e influenciará a minha contribuição para construir uma universidade democrática voltada não apenas para a formação e a pesquisa, mas definitivamente preocupada com os interesses sociais do país.
* Jorge Alberto S. Machado (Ex-morador do CRUSP e ex-diretor da AMORCRUSP- Associação dos Moradores do CRUSP - Professor do Curso de Gestão de Políticas Públicas - USP-Leste)
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