A semana do terror
Estadão Online - Domingo, 21 maio de 2006
Um total de 166 policiais e civis mortos, rebeliões em 73 presídios, 299 atentados - e uma população traumatizada pelos dias em que conheceu o pânico.
A semana do terror, na verdade, começou numa sexta-feira, 12. Os 40 milhões de habitantes do Estado mais rico do País tiveram a rotina abalada e foram apresentados a um medo típico de lugares conflagrados: "atentados", "ofensiva do crime organizado" e "mortos em conflitos" viraram expressões corriqueiras. Do berço da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), os presídios, seus líderes mobilizaram um exército usando sua arma mais poderosa: celulares. Primeiro, para matar policiais na capital e no interior. Depois, para atacar alvos civis: ônibus, bancos, uma estação de metrô.
Na segunda-feira, os 10 milhões de habitantes de São Paulo viram a quinta maior metrópole do mundo parar, com ruas e avenidas desertas e boatos assustadores. O 15 de maio foi o 11 de setembro paulistano.
E o que o PCC queria? Dobrar o governo do Estado, que no dia 10 tinha isolado 765 integrantes da facção num presídio em Presidente Venceslau para impedir megarrebelião no Dia das Mães. Mas o PCC soube dos planos da polícia e preparou o contra-ataque. Um funcionário terceirizado da Câmara dos Deputados admitiu que vendeu o conteúdo de depoimentos secretos prestados no dia 9 por delegados a uma CPI em Brasília. Ouvidos horas depois pelos integrantes da facção nos presídios. O funcionário recebeu R$ 200,00.
Atacada, a polícia prometeu sair à caça dos bandidos. Em 24 horas, no dia 16, morreram 32 suspeitos. Agora, é acusada de ter matado inocentes, possibilidade admitida pelo governador Cláudio Lembo e pelo secretário de Segurança Saulo Abreu. Os dois negam que o Estado esteja escondendo informações sobre os cadáveres.
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