sexta-feira, 5 de maio de 2006

Censura na internet está em todos os continentes



Segundo relatório, censura eletrônica estaria acontecendo praticamente em todos os continentes
Regimes repressivos estão tirando vantagem da facilidade de censurar e restringir o debate na internet, afirma um relatório dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF), o grupo de pressão que denuncia ameaças à liberdade de expressão e de imprensa.

O relatório sobre ameaças à liberdade de expressão tem uma parte dedicada à internet e ao aumento da censura à rede.

A censura eletrônica estaria acontecendo praticamente em todos os continentes.

Apesar de a internet estar mudando a forma com que a mídia trabalha, com o aparecimento de blogs, de fóruns de discussão e de sites de relacionamento como o Orkut, que transformam consumidores passivos em críticos ativos, não são só os cidadãos que se beneficiam do poder da tecnologia, alerta o relatório.

Ditadores

Julien Pain, um dos autores, afirma que "todo mundo está interessado na internet - especialmente os ditadores".

Pain afirma que muitos têm sido "eficientes e inventivos" ao usar a internet para espionar os cidadãos e censurar o debate.

Em vários países a internet era o único meio de comunicação sem censura e o lugar onde as pessoas buscavam notícias que não ouviriam nunca de fontes oficiais.

Mas, de acordo com o relatório, os governos acordaram para o fato de que os dissidentes estão ativos online. Muitos agora censuram blogs e prendem seus autores.

No Irã, por exemplo, Mojtaba Saminejad está preso desde fevereiro de 2005 por divulgar na rede material considerado ofensivo do Islã.

A China foi a nação que mais recebeu críticas em seus esforços de censurar e monitorar os internautas.

De acordo com o relatório, o país estaria interessado no início em monitorar dissidentes políticos. Mas de dois anos para cá, o governo chinês estaria tentando monitorar insatisfações mais gerais da população, justamente porque a internet facilita a comunicação.

O sucesso da censura na China significa que o país conseguiu produzir uma versão "limpa" da internet para os 130 milhões de cidadãos que usam a rede com freqüência.

Empresas ocidentais têm sido criticadas por ajudar a filtrar a internet para os chineses, que seria o governo que mais prendeu pessoas pelo que elas disseram online. O total chegaria a 62.

Internautas também foram presos no Egito, no Irã, na Líbia, nas Maldivas, na Síria, na Tunísia e no Vietnã.

E o Zimbábue estaria, segundo os Repórteres Sem Fronteiras, comprando tecnologia diretamente da China para ampliar seus esforços de censurar a internet.

Outras nações acusadas de censura eletrônica incluem Burma, Cuba, Nepal, Coréia do Norte e Arábia Saudita.

Normalmente o filtro envolve impedir o acesso a sites pornográficos, mas há casos em que os bloqueios envolvem sites críticos de governos ou sites religiosos.

No Turcomenistão é proibido ter conexão de internet em casa e o governo restringe o uso de internet cafés, mais fáceis de controlar.

Em Burma, páginas como a do Hotmail e do Yahoo têm acesso proibido e a cada cinco minutos há uma varredura do que as pessoas estão acessando em internet cafés.

Mas não foram só os estados repressores os criticados pelo relatório.

A União Européia também recebeu críticas por deixar a decisão de bloqueio de sites nas mãos das empresas provedoras.

Segundo os RSF, a UE criou um "sistema privado de justiça" no qual técnicos tomaram o lugar dos juízes.

Os RSF também criticaram as empresas ocidentais por venderem tecnologias para governos repressores e ajudá-los a monitorar o que as pessoas fazem online.

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