sábado, 13 de dezembro de 2008

Deus, Energia, Matéria e Tempo
Um artigo da Revista da Faculdade de Direito da USP, tratando do conceito de afinidade eletiva , cita os ensinamentos do físico brasileiro Mário Schenberg sobre os núcleos fundamentais ou idéias fundamentais de uma teoria.

De acordo com Schenberg, citado no artigo, centros nervosos do pensamento constituem-se por idéias fundamentais, as quais por serem fundamentais, são dotadas de complexidade, obscuridade, densidade e mistério. Quando se descobre um núcleo fundamental, quase não se encontra uma linguagem que faça pleno sentido e seja compreendida no contexto cultural no qual se revela. Desta maneira, quando uma idéia fundamental é descoberta, transcende-se tanto a individualidade como o contexto social no qual é revelada . (Texto completo no final)

Nessa obra tratar-se-á de núcleos fundamentais que se chocam, diretamente, com a percepção vigente de Deus, espírito e homem. Uma percepção que o muda referencial, estabelecendo a energia, a consciência e o pensamento como elementos essenciais para a compreensão de Deus, do mundo espiritual e da evolução do homem.

O elemento fundamental do Universo é a energia. Tudo é energia, inclusive, de acordo com a fórmula de Einstein (E=M*C2) a matéria também é energia. Essa fórmula de Einstein estabelece o parâmetro de equivalência entre ambas, ou seja, entre a matéria, que forma os seres e objetos da terceira dimensão, com energia, que forma os seres e objetos da quarta dimensão. Não é apenas uma equivalência entre dois elementos da física, mas sim uma equivalência entre dois mundos, equivalência entre o mundo habitado pelo homem e o mundo dos espíritos.

O homem, de acordo com a fórmula de Einstein, também é um ser feito de energia. O homem, os animais, os planetas, as estrelas e todos os objetos dessa dimensão são energia condensada. A matéria é energia presa na terceira dimensão. É uma forma específica de energia. Basta acelerá-la à velocidade da luz para que volte a sua natureza original, para que seja transformada em energia.

Portanto, quando Deus criou Adão, tirou-o da quarta dimensão, da dimensão dos espíritos, e colocou-o na terceira dimensão. O homem é um boneco de barro, matéria ou pó do planeta, animado por uma centelha divina, uma faísca de Energia Consciente (o sopro de Deus). O homem foi condenado a ser matéria e a ter apenas uma pequena centelha de Energia Consciente. A faísca de Energia Consciente no homem é o pensamento.

A matéria não é a Energia Consciente da quarta dimensão, ou seja, não é a mesma energia que forma os seres espirituais. Além disso, quando a matéria inanimada da terceira dimensão se transforma em energia, ela não vira Energia Consciente. Mas sim, energia comum.
E= M.C2, onde E é a energia, M é a massa e C2 é a velocidade da luz ao quadrado. Massa é uma quantidade de matéria (por exemplo, matéria humana) acelerada à velocidade da luz ao quadrado... é a nossa matéria se aproximando da natureza de Deus.

Mais especificamente é o corpo material se transformando em um corpo energético. Contudo, Deus não é uma forma qualquer de energia. É Energia Consciente. É uma Consciência na forma de energia. Logo, algo muito superior à energia comum descrita por essa fórmula. Contudo, essa fórmula pode ser utilizada para termos uma noção da métrica (espaço e tempo) da quarta dimensão. Métrica do mundo da energia.

Quando o Homem morre, uma parte dele vira energia comum, energia sem consciência. Essa é a nossa parte que é feita de terra e que volta para a terra. Entretanto, outra parte humana, a centelha divina que movimenta a consciência humana, esta parte se liberta da prisão material, do corpo físico. Ela se liberta e flui, como um ser espiritual, para a quarta dimensão, para a dimensão dos espíritos. Essa centelha é Energia Consciente. Ela não pertence ao mundo de três dimensões, mas sim ao mundo da Energia Consciente.

O Homem é imagem e semelhança de Deus em sua Consciência, não em seu corpo físico, não no corpo material. O Homem-Consciência é imagem e semelhança de Deus, pois a Energia Consciente que movimenta a consciência humana é a mesma que constitui Deus, que forma os seres espirituais, seres que são energia.

O tempo de Deus é diferente do tempo do Homem. Deus é uma Consciência na forma de energia. Logo, podemos ter uma noção do tempo de Deus olhando para a famosa fórmula de Einstein (E= M.C2) que relaciona matéria (o mundo em três dimensões) com energia (o mundo em quatro dimensões). É interessante observar que essa fórmula dá uma idéia de espaço e tempo na quarta dimensão. Isso aparece no fator C2, ou seja, na velocidade da luz ao quadrado.

Além disso, este mundo material que habitamos, este mundo tridimensional, está boiando dentro do mundo dos espíritos, dentro do mundo da Energia. Somos objetos maciços imersos em um oceano de energia. Essa visão é importante, o mundo dos espíritos não é uma terra distante, não é um mundo fora do nosso mundo. Ilustrativamente, somos uma grande bolha dentro do mundo dos espíritos, estamos dentro do mundo da energia, inclusive, somos energia.

O Gênesis capítulo 1 descreve Deus, um ser que é Energia Consciente, manipulando energia comum, para construir uma dimensão, um mundo material. A energia comum do mundo dos espíritos transformou-se em matéria, em luz (energia luminosa), etc… E o homem, também formado com essa energia comum, recebeu uma faísca da Energia Consciente, da Energia que constitui Deus, tornando-se imagem e semelhança do seu Criador, tornando-se um ser material, porém animado e pensante.

O capítulo 1 do Genesis, portanto, não descreve apenas a formação da terra e dos seus habitantes, mas sim a formação de um Universo em três dimensões. Descreve a formação de um Universo material dentro do mundo da energia, dentro do mundo espiritual. Por isso, a descrição fala em luz, firmamento, dia, noite, tarde e manhã. Características do mundo tridimensional, não do mundo da energia.
O primeiro versículo desse capítulo diz: “No início Deus criou céu e terra.” Essa frase demonstra que primeiro foi feito o mundo espiritual, o mundo da energia, o céu; depois foi feito a terra, o mundo tridimensional, o mundo que nós humanos vemos quando olhamos pela janela e pelo telescópio.

Já o versículo 2 diz: “A terra era sem forma e vazia, com escuridão sobre a face das profundezas, mas o espírito de Deus movia-Se sobre a superfície da água.” A terra era sem forma e vazia indica que a ainda era energia comum, energia que ainda não havia sido condensada em matéria. Por isso não tinha forma. Energia não tem forma. E era vazia. Além disso, havia escuridão sobre a face das profundezas. Por que havia escuridão??? A resposta é simples: porque a luz é energia comum do mundo material. Como não havia mundo material, também não havia energia luminosa. Inclusive, a energia luminosa que nos ilumina vem de um corpo celeste do mundo material, vem do sol. Sem o corpo celeste, sem luz.

E a seqüência do versículo 2 diz que o Espírito de Deus movia-Se sobre a superfície da água. (…)

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De acordo com Schenberg, citado no artigo, centros nervosos do pensamento constituem-se por idéias fundamentais, as quais por serem fundamentais, são dotadas de complexidade, obscuridade, densidade e mistério. Quando se descobre um núcleo fundamental, quase não se encontra uma linguagem que faça pleno sentido e seja compreendida no contexto cultural no qual se revela. Desta maneira, quando uma idéia fundamental é descoberta, transcende-se tanto a individualidade como o contexto social no qual é revelada .

O professor Schenberg ensina ainda que o desenvolvimento desse núcleo fundamental, numa determinada sociedade, depende do enquadramento que sofre as estruturas mentais nelas vigentes. Ao surgir, no contexto social moldado por padrões culturais específicos, o núcleo fundamental acaba também por afetar/modificar este contexto, uma vez que não se associa à normalidade existente.

Assim, quando uma cultura proclama ter dominado um núcleo fundamental, ele sempre acaba escapando-lhe às mãos, apresentando novidades absurdas, que subvertem essa cultura que se intitula como acabada. Isso aconteceu na Física Moderna com as novas idéias de espaço, tempo, energia, causalidade e continuidade, por exemplo.

Inclusive, em uma famosa conferência, que fazia um panorama geral da Ciência no fim do século XIX, Lorde Rayleigh afirmava que quase tudo na Física já se havia compreendido, com exceção de três detalhes tão logo explicáveis: a experiência de Michelson e Morley, a irradiação do corpo negro e o efeito fotoelétrico. Contudo, sem importância aparente naquele momento, foram esses detalhes que germinaram as teorias da Relatividade e da Física Quântica.

Portanto, a Ciência, vista como simples e formalmente estruturada, exige uma dimensão fundamental onde os pensamentos seguem caminhos diferentes da lógica formal, num processo ziguezagueante dotado de elevada carga intuitiva e imaginativa. Por vezes, a Ciência progride mesmo quando se volta para uma idéia que já existia antes, sem que, no entanto, se volte ao mesmo ponto no qual ela foi formulada.

Aquilo que era falso em determinado período, coisa do passado e pensamento primitivo, portanto, pode, repentinamente, reflorescer num novo contexto com intensidade surpreendente. Toda riqueza do passado se recupera e, sendo trabalhada em nível de núcleo fundamental, surge recriada, indicando os novos caminhos científicos.

Nesse nível mais fundamental e menos sistematizado do pensamento, o diálogo entre culturas e tradições aparentemente conflituosas instaura-se com mais intensidade, vez que, pelas suas características não formalmente estruturadas, o núcleo fundamental pode aparecer em distintos contextos históricos. Tal posicionamento, portanto, exige um pensamento a um tempo revolucionário e tradicionalista, que pretende reler o passado e transformar o presente para penetrar no futuro.

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