domingo, 21 de dezembro de 2008

Domínio totalitário
Um outro estudioso, há muito tempo, também percebeu que o domínio totalitário ia além das coisas materiais visíveis, Certamente, ele não usou estes termos, pois ele era contemporâneo aos fatos. Estou falando de Reich, de Wilhelm Reich.

"Quando Reich declarou terem as massas desejado o fascismo, foi como mexer num vespeiro. Perseguido pelos nazistas, acabou sendo expulso também do partido comunista. Através de uma aproximação até hoje polêmica entre o marxismo e a psicanálise, Reich insistiu na crítica ao 'marxismo vulgar', sempre pronto a definir pela infra-estrutura econômica a análise de qualquer tipo de fenômeno. Não era pela teoria econômica, dizia ele, que o misticismo do nazismo poderia ser entendido.

Não era pela 'base econômica' que se poderia entender por que a massa de trabalhadores famintos votava na direita, ao invés de votar na esquerda. E cita Otto Strasser para criticar a permanente cegueira dos marxistas alemães: "Seu erro básico é que vocês rejeitam ou ridicularizam a alma e a mente, e não compreendem que estas movem tudo."
(Nazismo: o triunfo da vontade - Alcir Lenharo - Ed. Ática - 1998 - p.15)

Certamente, as explicações de Reich envolvem outras variáveis. basicamente, ele diz que o domínio do fascismo e do nazismo deve ser entendido pela questão sexual e explica todas as coisas a partir dessa perspectiva. Você lê isto no livro "Psicologia de massa do fascismo" (Publicações Escorpião - 1974 - Porto).

Mais especificamente, a citação de Reich diz o seguinte:

"Em muitas assembléias alemãs, ouviam-se frequentemente anti-capitalistas sensatos, e cheios de boas intenções, mesmo quando pensavam em termos nacionalistas e metafísicos, como por exemplo Otto Strasser, apresentar aos marxistas esta objeção:

Vocês, os marxistas, referem-se habitualmente à doutrina de Karl Marx. Mas ao que sabemos, Marx ensinou que a teoria só pela prática pode ser confirmada. Ora vocês limitam-se a dar explicações das derrotas da Internacional Operária. O vosso marxismo fracassou: o que serviu para explicar a derrota de 1914 foi a deserção da social-democracia; quanto a 1918, foi a traição da sua política e das suas ilusões. E agora vocês vêm com novos argumentos na manga para explicar que no momento da crise mundial as massas oscilaram para a direita e não para a esquerda ! Mas nem todas essas explicações poderão suprimir o facto da derrota ! Depois de 80 anos seria bom ver na prática a confirmação da doutrina da revolução social ! O vosso erro principal consiste em negar a alma e o espírito ou em zombar dele, e em não compreendê-lo, ele que imprime movimento a todas as coisas."

(Reich, Wilhelm. Psicologia de massa do fascismo. Porto. Publicações Escorpião, 1974. p. 10-1)
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