sábado, 2 de fevereiro de 2008

Branco não é raça. É cor.
Na discussão da dominação, opressão, exclusão e exploração de uma minoria branca sobre a maioria negra e de pobres, estão tentando levar o tema para o lado do racismo. Racismo ??? Que tipo de rascimo ? Não estamos diante de uma questão de raça, a coisa é muito pior e muito maior, estamos diante de uma questão de cor. Cor não se confunde com raça...

Os brancos não se fundem em uma única raça, assim como os negros não são uma única raça. Mais do que isto, existem brancos que são tão explorados, pelos próprios brancos, quanto os negros. Portanto, não há, nesta questão, a discussão de racismo. Inclusive, no Brasil, não é possível discutir racismo, pois aqui todo mundo é vira-lata.

Certamente, vão tentar deslocar a discussão para o tema do racismo. Vão fazer isto para emperrar o negócio e não resolver nada. Vão dizer que a insurgência dos negros contra os brancos é racismo. Vão dizer que os brancos, uma minoria, pode dominar, explorar, oprimir e excluir a maioria da população. Isto é mérito.

Contudo, em um passado próximo, os negros eram escravizados. Tudo o que produziram agregou-se ao patrimônio dos brancos. E o costume da escravidão, assim como a cultura de ver os negros como bobos, serviçais, analfabetos, inferiores, etc, entrou e se perpetuou na sociedade. A identificação está na cor e não em raça.

Um branco nascido na África, que só falava dialetos africanos, adotava todos os costumes africanos, etc, poderia ser escravizado ? A escravidão pode ter começado com uma raça, mas, ao longo do tempo, foi nivelada por um só critério: a cor. E hoje a dominação branca continua se respaldando no mesmo critério, na cor. Os maiores bandidos são brancos. Mas quem vai para a cadeia são os negros.

Se os negros tivessem escravizado os brancos e arrancado tudo o que eles produziram, ao longo de centenas de anos, hoje, estaríamos falando da dominação dos negros sobre os brancos. Os brancos seriam os pobres, os favelados, os analfabetos, os inferiores, etc. A superioridade e a riqueza dos brancos foi construída com o sangue dos negros, com o trabalho dos negros, com o rebaixamento dos negros, com a submissão dos negros, com o holocausto dos negros.

Mas vamos pegar um exemplo pragmático. Eu gosto de pragmatismo. Hoje, se você chegar em um rico tradicional (Forest Gump), não os novos ricos da megasena, ele vai te contar. O meu dodecavô não tinha nada começou do zero. E deixou uma moeda para o meu udecavô. Com uma moeda o meu udecavô comprou uma galinha e deixou de herança para o meu decavô. O meu decavô trabalhou, ganhou outra moeda e comprou um galo. Deixou um galo e uma galinha de herança para o meu nonavô. O meu nonavô com a galinha e o galo poduziu ovos e construiu um galinheiro, deixando tudo de herança para o meu octavô. O meu octavô com a galinha, o galo, o galinheiro e os ovos, aumentou a produção e construiu cinco galinheiros, deixando tudo de herança para o meu septavô. O meu septavô juntou tudo, aumentou a produção, e construiu uma granja e deixou de herança para o meu hexavô. O meu hexavô ampliou o negócio, construiu mais granjas e comprou uma fazenda e deixou para o meu pentavô.

O meu pentavô com estes bens montou uma indústria de ovos e iniciou a engorda e o abate de frangos. Já o meu tetravô não gostava de aves e preferiu começar outro negócio. Ele investiu em cimento. Ampliando os negócios da Família. O meu trisavô não gostava nem de aves e nem de cimento, mas de alumínio. Então ele investiu na montagem de uma fábrica de alumínio. O meu bisavô continuou com o negócio das aves e do gado, investindo pesado na exportação. Coisa que o meu avô não fez, pois gostava mais de tecnologia. Ele investiu pesado em empresas de internet. E meu pai e eu gostamos mais de mercado financeiro. Investimos o dinheiro da família no mercado, mas até hoje ainda temos o galo e a galinha adquiridos pelo meu udecavô e meu decavô, ainda continuam botando ovos. Dizem que esse galo e esta galinha vieram das terras altas, vieram da Escócia. São Highlander.

Agora vamos ver a História dos negros. Dodecavô: escravo. Udecavô: escravo. Decavô: escravo. Nonavô: escravo no galinheiro. Octavô: escravo em 5 galinheiros. Septavô: escravo na granja. Hexavô: escravo na fazenda. Pentavô: escravo na fazenda. Tetravô: escravo na fazenda. Trisavô: escravo na fazenda. Bisavô: livre - trabalhador rural sem-terra. Avô: livre - servente de pedreiro...

Aquilo que a força do trabalho dos negros produziu, ao longo de centenas de anos, foi agregado ao patrimônio dos brancos. Quando a escravidão terminou, os negros foram expulsos das senzalas com uma mão na frente e outra atrás. A única coisa que possuíam era a força de trabalho. A força de trabalho que vendem até hoje. Os negros são pobres, são favelados, são analfabetos, etc, porcausa da escravidão dos brancos que os impediu de se desenvolveram, de acessarem as riquezas, de estudarem, de usufruírem daquilo que produziram. Não só impediu, como continuam impedindo.

A dominação dos negros pelos brancos não é uma questão de raça, é uma questão de uma minoria oprimindo, excluindo e explorando uma maioria. Não há embasamento para se falar em raça no Brasil. A dominação está mais baseada na cor, por uma razão histórica, do que na idéia de raça que envolve costumes, língua, religião, etc...

A discussão fundamental é o domínio de uma minoria sobre uma grande maioria. Uma minoria que controla o poder político, o poder econômico e as instituições públicas, impedindo a maioria da população (negros e pobres) de acessarem o poder político, o poder econômico e as instituições públicas. Uma minoria que, para perpetuar a sua dominação, impede a realização de projetos sociais que o apartheid social. O parasita cria mecanismos para perpetuar o parasitismo.

A reparação histórica é mais do que obrigação. É justiça, pois a riqueza que construíram originou-se da escravidão.

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