sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Encrenca com Professor da USP
Disse-me um Professor da USP "(...) não acho que a Bolsa de Iniciação seja feita para sustentar o aluno, é apenas uma ajuda." Disse isto em resposta ao meu email de que precisaria preencher os formulários para pedir uma bolsa de iniciação para continuar a pesquisa que estou fazendo agora.

Estou desenvolvendo e escrevendo esta pesquisa na raça e embaixo de sabotagem e fogo cruzado, uma pesquisa importantíssima. Enquanto levo a pesquisa nas costas e sem bolsa, tem um monte de gente dentro da USP recebendo duas ou três bolsas para produzir lixo. Para as minhas pesquisas as bolsas não são importantes... para os lixos que produzem por aí, recebem até financiamento internacional...

Contudo, certamente, a visão do professor está completamente errada. Se a bolsa de iniciação, o mesmo se aplica à bolsa de mestrado e doutorado, são apenas ajuda de custo, então, por que a lei obriga o aluno, que recebe estas bolsas, a abandonar todas as demais atividades remuneradas que exerce ? Cumular a bolsa com outra atividade remunerada é ilícito, inclusive se o individuo for pego cumulando, ele é punido: perde a bolsa, tem que devolver o dinheiro, etc... As bolsa são mais do que ajuda, é o "salário" por um trabalho que está sendo realizado...

Mas a questão aqui é outra. É a visão. A bolsa, da perspectiva do aluno, é o que o manterá estudando e pesquisando. Este aluno faz parte da maioria da população. A maioria oprimida que faz coisa relevante para este país. Já o professor tem outra visão. Ele é da classe dominante, da pequena elite opressora e dominante. Ele não precisa de bolsa, pois já tem outras fontes milionárias de recursos, logo, ele se dá ao luxo de ver nas bolsas de pesquisa somente ajuda de custo. Nada mais. Esta é a mentalidade da classe dominante: bolsa é ajuda de custo, programa social é paternalismo, etc.

Contudo, este email me mostrou uma outra coisa que eu não tinha percebido. Eu sou um subversivo radical. Ataco o sistema frontalmente e planejo destruir completamente este sistema dominate, opressor, excludente e explorador. Logo, submeter as minhas idéias e as minhas teorias aos operadores deste sistema é um coisa contraditória. Muito contraditória. É como se eu estivesse sentando à mesa com as pessoas que, mais tarde, terei de destruir. Muitos dirão que eu estou pedindo a benção dos grupos dominantes às minhas idéias e verão em mim, nada mais, do que um traidor...

Esta não é uma visão maniqueísta. É uma visão lógica. Quem reproduz o sistema opressor, quem alimenta a cultura da dominação (para os grupos dominantes) e da submissão, não-violência, falso Estado de Direito, etc, para a maioria oprimida, são as universidades. São as universidades que formam os dominadores, opressores e exploradores. São as universidades que domesticam os subversivos e os pensadores que vem das classes baixas, amarrando os com normas, regras e ameaças; ao mesmo tempo em que introjeta em suas cabeças a cultura da servidão, da escravidão e da domesticação.

As universidades transformam aquelas pessoas que podem lutar e destruir o sistema de dominação, opressão, exclusão e exploração em operadores do próprio sistema. Isto perpetua a escravidão, pois elimina, completamente, os líderes da resistência. As Universidades apagam a revolução e domesticam os rebeldes.

Se a Universidade é um centro de formação dos dominadores e opressores, ela terá que cair quando o sistema for derrubado. E quem contaminou a Universidade com seu veneno e ajudou a dominar e oprimir, também tem que ser enterrado junto com o sistema.

Isto me faz pensar que eu não devo submeter minhas idéias e meus projetos à avaliação da classe dominante. Também considerou que os títulos outorgados pelos grupos dominantes, certificando que estas idéias e projetos estão de acordo com a sua dominação e com a opressão que praticam (títulos de mestre, doutor, etc), não são relevantes e não servirão para nada quando o sistema cair. Logo, devo retirar minhas idéias e meus projetos da USP e do Brasil. Talvez eu devesse paralisar tudo e dedicar-me a destruir o sistema. Depois, no novo céu e na nova terra, eu retorno aos meus estudos contemplativos.

Portanto, dois caminhos se abrem diante de mim, neste momento. Primeiro, afundar de vez e de cabeça na luta de resistência, acelerando a destruição do sistema e de seus operadores ou, então, seguir para uma universidade estrangeira, onde eu possa terminar a teoria e os meus estudos contemplativos. Atiçando e orientando de lá a destruição do sistema.

A imagem que eu tenho para a situação na qual estou agora é de um judeu, em plena dominação nazista, na Universidade de Berlim, estudando borboletas. Enquanto isto, ao redor da Universidade, os campos de concentração funcionam a todo vapor e as chaminés das câmaras de gás não param de jogar cabelos no escritório do judeu que estuda borboletas...

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