Nosso serviço secreto tem até sindicalista. É uma comédia?
Estou espantado com a naturalidade dispensada ao sindicato de funcionários da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).
Serviço secreto deve ser secreto por definição.
Em tese, cada movimento e cada decisão de seus integrantes precisa ser mantida em sigilo, para não comprometer o serviço de quem é pago para zelar pela segurança do país, de seus cidadãos e seus interesses.
Mas vemos o contrário — como comprova a guerra entre alas, partidos políticos e sindicatos da Polícia Federal e da ABIN.
O presidente do sindicato dos arapongas não só presta depoimento no Congresso — o que está certo, pois se trata de uma casa de representantes do povo — mas articula, dá opinião e conspira, dentro e fora do expediente. Não está só.
Outros arapongas agem do mesmo modo. Também fazem críticas, trocam acusações, insinuam.
É uma grande comédia.
Seria aceitável, numa empresa qualquer.
É inacreditável, quando se trata de uma área tão delicada do governo. Embora sejam civis, os membros do serviço secreto precisam estar submetidos a uma disciplina organizada e rigorosa, semelhante a do serviço militar. A confiança deve ser absoluta, a discrição precisa ser total. Não existe cargo de confiança na ABIN. Todos os cargos são de confiança.
Ali não pode haver um comando paralelo, uma segunda força, uma segunda intenção.
Quando comparecem a uma reunião de trabalho, nossos agentes secretos ameaçam fazer greve se não tiverem aumento?
Passam abaixo assinado em desagravo a alguém?
Não tenho nada contra os sindicatos e a atividade sindical. Sei que questões como aumento de salário, promoções e planos de carreira, fazem parte do cotidiano de toda instituição e precisam ser discutidas.
Mas há formas variadas de se fazer isso.
Agente secreto não precisa usar megafone para brigar com a chefia.
Imagino uma assembléia para votar proposta. Pode tirar foto?
Alguém errou de vocação.
Concorda?
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