A greve da USP beneficia a elite branca perversa e não a coletividade
Antes de mais nada afirmo que eu não sou contra a greve no setor público, mas defendo movimentos organizados, focalizados e com danos mínimos à coletividade, ao povo, à população. Além disso, penso que este tipo de movimento somente pode ser deflagrado depois de esgotados todas as possibilidades de negociação. Enfim, a greve tem que ser justa, tem que ser coerente e tem que beneficiar não apenas os funcionários do órgão, mas os demais envolvidos, inclusive os prejudicados pelo movimento. O resultado final da greve tem que ser bom para todos e ninguém pode perder.
Outro ponto importante diz respeito ao sindicato que tem por objetivo defender interesses. E não quaisquer interesses, mas sim os interesses de seus associados. Esta é a razão de ser do sindicato. É para isto que ele foi criado. Além disso, a greve tem por finalidade prejudicar a empresa, principalmente o dono da empresa, paralisando os serviços e reduzindo drasticamente os lucros do capitalista. Isto no setor privado. E no setor público, quem a greve prejudica ?
Assim, como a do setor privado a greve na administração pública também prejudica o dono da empresa. Só que aqui o dono é o povo, é a coletividade, pois o governo é mero administrador da coisa pública. Além disso, a greve na administração pública reduz drasticamente o fornecimento do serviço público, prejudicando não o governo, mas sim os usuários do serviço, a população, principalmente os pobres que dependem do Estado. Por isso, a greve no serviço público é uma greve contra a coletividade e contra o povo.
Vejam a greve do INSS. Eu nunca vi nenhum membro do governo na fila do INSS, mas apenas pessoas desvalidas (pobres, desempregados, idosos, doentes, deficientes, etc). Logo, não é uma greve contra o governo, mas sim contra estas pessoas, pois não prejudica o governo e a burocracia estatal, mas sim as pessoas que precisam do serviço e que constituem a parte mais fraca do sistema.
Em outras palavras, a greve no serviço público é uma arma utilizada pelos funcionários públicos contra o governo, porém o tiro é dado na coletividade, no povo. Este último, a parte mais fraca, que fica com o prejuízo da greve e que paga os aumentos de salários exigidos pela burocracia estatal.
É importante ressaltar também que a maioria das greves no serviço público exigem aumentos exorbitantes. Salários que, na maioria das vezes, não são baixos e estão bem acima do valor de mercado, quando comparados com a qualidade do serviço realizado pelo funcionário. Além disso, este aumento salarial implica numa maior destinação do dinheiro público para pagamento do funcionário. Logo, numa maior transformação de dinheiro público em dinheiro privado. Assim, a coletividade, o povo, pagará mais pela péssima qualidade do mesmo serviço.
Na USP, assim como no INSS, a greve é manejada contra a parte mais fraca. O governo é pouco atingido pela greve, pois não estuda na USP. Agora, quem estuda é quem se lasca, pois as aulas param e o conhecimento deixa de ser transmitido. Mas os maiores prejudicados são os alunos pobres que dependem dos serviços da Universidade. Assim, a primeira coisa que os grevistas fazem é fechar o restaurante universitário, deixando os alunos bolsistas passando fome. Atingem também os ambulatórios e hospitais, reduzindo o atendimento de saúde à população de baixa renda, à coletividade.
Em outras palavras, a greve da USP, assim como todas as greves do setor público, prejudicam a coletividade, a parte mais fraca, os pobres. O funcionário público sempre ganha, pois fica sem trabalhar, na maioria dos casos não repõem os dias parados ou finge que repõem, e ainda recebe aumento de salário pela péssima qualidade do serviço que presta. Coisas como esta é que transformaram a greve no setor público num bom negócio para os grevistas e seus sindicatos.
Assim, pode se comparar a greve desse setor com os desvios de recursos públicos e o mensalões de Brasília. São movimentos contra o povo e seus interesses, movimentos que expropriam e transformam a coisa pública (o dinheiro do povo) em recursos privados.
Mas a greve da USP tem algumas características a mais. Por exemplo, os funcionários grevistas utilizam o discurso da não-privatização da Universidade, da péssima qualidade de ensino, de mais vagas na USP, etc, como meio para alcançar o apoio dos estudantes e dos professores. Discurso para convencer as massas. Contudo, a maioria dos alunos da USP são ricos, são burgueses, pertencem à elite branca perversa. Mais verbas para a USP é mais verbas para beneficiar a elite branca perversa. Mais vagas na USP é mais vagas para esta mesma elite.. Afinal, o sindicato da USP está defendo quem ? A coletividade (o povo) ou a elite branca perversa ? Penso que para o sindicato tanto faz, pois o que lhe importa mesmo é o aumento de salários de seus associados.
Assim, o aumento de repasses exigido pelos grevistas deve ser visto com reservas, pois é outro discurso enganador disseminado pelos grevistas, tanto pelo fato que foi citado, quanto pela incompetência da Universidade neste âmbito, ou seja, quem decide os repasses é a Assembléia legislativa, que não tem nada a ver com a USP e nem é afetada pela greve. Logo, vai ignorar os grevistas e suas exigências, como fez no ano passado. Além disso, se a Assembléia autorizar o aumento de repasse, devido a pressão da greve, corre-se o risco dos grevistas fazerem outra greve exigindo que o acréscimo seja destinado a aumento de salários.
Enfim, a greve na USP beneficia os funcionários da universidade, principalmente os incompetentes que executam serviços de péssima qualidade, assim como a elite branca perversa. A Universidade, a coletividade e os alunos pobres são os grandes prejudicados, pois não ganham nada com este movimento. Logo, esta greve é um movimento injusto, inadequado, corporativista e estúpido.
Certamente, existem professores famosos que apóiam este tipo coisa, assim como organizações estudantis e diversos alunos. Todos estes são pessoas e organizações despreparadas para gerenciar e defender a coisa pública e o povo. Pessoas que não possuem noção de justiça, que não tem a coletividade como objetivo. Pessoas que querem greve pela greve e não lhes interessa saber quantos são e quem são os verdadeiros prejudicados pelos atos inconseqüentes e impensados que realizam. Pessoas que não percebem a falta de coerência entre o discurso proferido e a realidade que se apresenta.
Mas o grande segredo da greve vem da Alemanha. O que os funcionários da USP querem mesmo é ficar em casa para assistir os jogos da Copa. Por isso arranjaram esta greve.
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