É melhor derrubar o Senado e construir um amplo estacionamento no local
Se os governadores querem a CPMF e os senadores "supostamente" representam os Estados, não deveria haver um alinhamento entre os interesses dos Estados e a votação dos senadores ? Se os Estados querem uma coisa e os senadores dizem outra, eles estão falando por quem ?A minha conclusão é somente uma: é melhor derrubar o Senado e construir, no local, um amplo estacionamento. O Brasil ganhará mais com o estacionamento do que com o atual Senado corrupto. Inclusive, eles salvaram o Renan Pensão de Empreiteira. Eu vi e anotei... E vou usar isto na hora apropriada.
Além disso, a salvação do Renan mostrou claramente a incompetência dos tucanos e dos democratas que deveriam ter negociado a cabeça do Renan junto com a CPMF. Iriam conseguir abaixar a CPMF, cortar a cabeça do Renan e ainda emplacar o Simon na Presidência. Mas, pelo visto, são péssimos na mesa de negociação.
Inclusive aceitaram o absurdo proferido pelo Tião Soco na Cara Viana (o Gabeira acertou com a direita ou com a esquerda ?): "Revelar voto é quebra de decoro". De onde é que este indivíduo tirou esta afirmação ? O voto não é uma coisa pessoal. Lembram que o Senador tem um mandato. Quem tem mandato representa os interesses do mandante. E o mandante é o povo. E se o povo quiser saber e conhecer o voto, tem o direito de fazê-lo. Quebra de decoro é não revelar o voto. É esconder o voto para enganar e ludibriar o mandante, ou seja, o povo.
Mas eu fico feliz com estas besteiras que estão fazendo. Quanto mais besteiras, melhor !!! Estas besteiras são as provas que eu necessito para, na hora certa, promover o fechamento das casas legislativas e botar um fim na Democracia Representativa, na Democracia dos grupos dominantes, instaurando, no Brasil, a Democracia Direta do povo. E com voto pela internet.
Norberto Bobbio - A Era dos Direitos - pag.144-152
Quando comparada à democracia de inspiração rousseauísta, com efeito, a participação popular nos Estados democráticos reais está em crise por pelo menos 3 razões:a) A participação culmina, na melhor das hipóteses, na formação da vontade da maioria parlamentar; mas o parlamento, na sociedade industrial avançada, não é mais o centro do poder real, mas apenas, freqüentemente, uma câmara de ressonância de decisões tomadas em outro lugar.
b) Mesmo que o parlamento ainda fosse o órgão do poder real, a participação popular limita-se a legitimar, a intervalos mais ou menos longos, uma classe política restrita que tendeu à própria autoconservação, e que é cada vez menos representativa.
c) Também no restrito âmbito de uma eleição "una tantum" sem responsabilidades políticas diretas, a participação é distorcida, ou manipulada, pela propaganda das poderosas organizações religiosas, partidárias, sindicais, etc. A participação democrática deveria ser eficiente, direta e livre: participação popular, mesmo nas democracias mais evoluídas, não é nem eficiente, nem direta, nem livre.
Da soma desses 3 déficits de participação popular nasce a razão mais grave de crise, ou seja, a apatia política, o fenômeno, tantas vezes observado e lamentado, da despolitização das massas nos Estados dominados pelos grandes aparelhos partidários. A democracia rousseauísta ou é participativa ou não é nada."
Henry Thoreau diz:
"Será que a democracia tal como a conhecemos é o último aperfeiçoamento possível em termos de construir governos? Não será possível dar um passo a mais no sentido de reconhecer e organizar os direitos do homem? Nunca haverá um Estado realmente livre e esclarecido até que ele venha a reconhecer no indivíduo um poder maior e independente — do qual a organização política deriva o seu próprio poder e a sua própria autoridade — e até que o indivíduo venha a receber um tratamento correspondente.Fico imaginando, e com prazer, um Estado que possa enfim se dar ao luxo de ser justo com todos os homens e de tratar o indivíduo respeitosamente, como um vizinho; imagino um Estado que sequer consideraria um perigo à sua tranqüilidade a existência de alguns poucos homens que vivessem à parte dele, sem nele se intrometerem nem serem por ele abrangidos, e que desempenhassem todos os deveres de vizinhos e de seres humanos. Um Estado que produzisse esta espécie de fruto, e que estivesse disposto a deixá-lo cair logo que amadurecesse, abriria caminho para um Estado ainda mais perfeito e glorioso; já fiquei a imaginar um Estado desses, mas nunca o encontrei em qualquer lugar."
"A desobediência civil" - Henry Thoreau.
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