O Relatório Lugano
Susan George
Susan George percebeu o caráter genocida implícito na estratégia global do neoliberalismo quando, constatando que o sistema atual é uma máquina universal de destruição do ambiente e de produção de perdedores, procurou colocar-se na posição daqueles que mais lucram com ela e descobriu que eles estavam inquietos porque, na perspectiva destes, ficava cada vez mais óbvio que o capitalismo é excludente, isto é, que não se pode ao mesmo tempo promover o capitalismo no século XXI e tolerar a reprodução de bilhões de humanos supérfluos para o sistema.Susan George
O que a autora compreendeu foi o modo como, para os neoliberais, tornava-se incontornável o problema da redução de população e, com ele, a discussão de estratégias para “resolver” a questão dos excluídos; ou seja, para falar com franqueza, a discussão de um processo de seleção que o poeta Heiner Müller qualificou certa vez como “limpeza social”, a partir das escabrosas experiências de “limpeza étnica”.
Mas a “solução” não poderia significar uma reabilitação de sistemas genocidas como o Holocausto, pois como dizem os especialistas do Relatório: “O modelo de Auschwitz é o contrário do que precisamos para atingir o objetivo. (...) A seleção das «vítimas” não deve ser responsabilidade de ninguém, senão das próprias “vítimas”. Elas selecionarão a si mesmas a partir de critérios de incompetência, de inaptidão, de pobreza, de ignorância, de preguiça, de criminalidade, e assim por diante; numa palavra, elas encontrar-se-ão no grupo dos perdedores”.
Desentranhando a lógica do extermínio das políticas e das práticas neoliberais contemporâneas, Susan George desvendou a radicalidade do processo em curso e por isso chegou, em seus comentários finais, a uma conclusão cortante: “Ou declaramos guerra à pobreza agora, ou mais dia menos dias vamos nos descobrir em guerra contra os pobres. É essa a escolha”.
Perigos -- Controle -- Impacto -- Conclusões -- Metas -- Pilares -- conquista e a guerra -- A fome -- Prevenção -- A peste -- Quebra-cabeças -- In fine...
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