sábado, 17 de setembro de 2011

Bom-senso e bom-gosto

Coisas que eu diria para alguns elementos hipócrita e sem noção que tem por aí. Nas palavras de Antero de Quental:

"Concluo daqui que a idade não a fazem os cabelos brancos, mas a madureza das idéias, o tino e a seriedade; e, neste ponto, os meus vinte e cinco anos têm-me as verduras de Vossa Excelência convencido valerem pelo menos os seus sessenta.

Posso, pois, falar sem desacato. Levanto-me quando os cabelos brancos de Vossa Excelência passam diante de mim. Mas o travesso cérebro que está debaixo e as garridas e pequeninas coisas que saem dele, confesso não me merecerem nem admiração, nem respeito, nem ainda estima.

A futilidade num velho desgosta-me tanto como a gravidade numa criança. Vossa Excelência precisa menos cinquenta anos de idade, ou então, mais cinquenta de reflexão.

É por esses motivos todos que lamento do fundo da alma não me poder confessar, como desejava, de Vossa Excelência. Nem admirador nem respeitador."

Antero de Quental, Poesia e Prosa, São Paulo, Cultrix, 1974, pag. 129.

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Tenho tão poucos livros, porém, há neles muita iluminação. Preciso de mais livros iluminados.

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