Quando a Ciência banaliza a vida: o caso das células-tronco
Eu não sou contra as pesquisas com células-tronco. Acredito que pesquisas científicas que melhorem e preservem a vida devem ser realizadas. Eu sou contra o uso de embriões ou fetos humanos nestas pesquisas. Seres Humanos não podem ser matéria-prima para processos industriais ou para pesquisa. A vida não pode ser matéria-prima de laboratório e tubos de ensaios.Além disso, ressalto mais uma vez, a mídia somente foca nos resultados das pesquisas com as tais células troncas. Não dizem que estas pesquisas usam seres humanos como matéria-prima. Não dizem que vidas congeladas (outra aberração diabólica) serão eliminadas, fatiadas, liquefeitas e estudadas em microscópios, ou então, servirão para extrair as tais células tronco....
Querem fazer pesquisas com células-tronco ? Que façam... Porém, devem respeitar a vida. Busquem matéria-prima em outra parte. Considero que a proibição do uso de embriões e fetos humanos em pesquisas científicas é fundamental para impedir o avanço da banalização da vida. Um fenômeno que conhecemos muito bem e que resulta a extermínio em massa de pessoas consideradas inviáveis ou indesejáveis.
Usar embriões e fetos em pesquisas científicas é uma demonstração clara de banalização da vida, de coisificação do humano. O Homem é transformado em matéria-prima de processo científico ou industrial.
Isto parece ser uma coisa boba. Uma coisa sem muita importância. Uma coisa que a Ciência aprova com muitos méritos. Afinal novas curas e tratamentos irão surgir dessa panacéia chamada células-tronco. Isto me lembra um artigo sobre o Nazismo que foi publicado na Revista Superinteressante de julho de 2005.
Este artigo busca explicar as razões que levaram milhões de alemães a seguirem Hitler e a tolerarem as ações nazistas contra pessoas consideradas descartáveis pelo sistema. E a primeira idéia apresentada no artigo, que ajudou o totalitarismo a avançar na Alemanha, foi o carimbo da ciência.
Diz o texto: "Como uma pessoa comum pode conviver com sua consciência após assassinar inocentes ? A resposta: fica mais fácil dormir à noite quando se acredita que seus atos trarão o bem à humanidade. Hitler convenceu os alemães - e muitos estrangeiros - de que, após o massacre, nasceria um mundo melhor.
Isso pode soar absurdo hoje, mas era um fato aceito pela ciência da época. "O Holocausto não ocorreu no vácuo. Ele seguiu décadas de crescente aceitação científica à desigualdade entre os homens", diz o alemão Henry Friedlander, historiador e autor de The Origins of Nazi Genocide ("As origens do Genocídio Nazista", sem versão brasileira). Friedlander se refere a um conceito nascido no século 19 nas melhores universidades: a eugenia.
A eugenia surgiu sob o impacto da publicação, em 1859, de um livro que mudaria para sempre o pensamento ocidental: A Origem das Espécies, de Charles Darwin. Darwin mostrou que as espécies não são imutáveis, mas evoluem gradualmente a partir de um antepassado comum à medida que os indivíduos mais aptos vivem mais e deixam mais descendentes. Pela primeira vez, o destino do mundo estava nas mãos da natureza, e não nas de Deus.
Darwin restringiu sua teoria ao mundo natural, mas outros pensadores a adaptaram - de um jeito meio torto - às sociedades humanas. O mais destacado entre eles foi o matemático inglês Francis Galton, primo de Darwin. Em 1865, ele postulou que a hereditariedade transmitia características mentais - o que faz sentido. Mas algumas idéias de Galton eram bem mais esquisitas. Por exemplo, ele dizia que, se os membros das melhores famílias se casassem com parceiros escolhidos, poderiam gerar uma raça de homens mais capazes. A partir das palavras gregas para "bem" e "nascer", Galton criou o termo "eugenia" para batizar essa nova teoria.
Galton se inspirou nas obras então recém-descobertas de Gregor Mendel, um monge checo morto 12 anos antes que passaria à história como fundador da genética. Ao cruzar pés de ervilhas, Mendel havia identificado características que governavam a reprodução, chamando-as de dominantes e recessivas. Quando ervilhas de casca enrugada cruzam com as cascas lisa, o descendente tende a ter casca enrugada, pois esse gene é dominante.
Os eugenistas viram na genética o argumento para justificar seu racismo. Eles interpretaram as experiências de Mendel assim: casca enrugada é uma 'degeneração' (hoje sabe-se que estavam errados - tratava-se apenas de uma variação genética, algo ótimo para a sobrevivência). Misturar genes bons com 'degenerados', para eles, estragaria a linhagem. Para evitar isso, só mantendo a raça 'pura' - e aí eles não estavam mais falando de ervilhas. O eugenista Madison Grant, do Museu Americano de História Natural, advertia em 1916: "O cruzamento entre um branco e um índio faz um índio, entre um branco e um hindu faz um indu, entre qualquer raça européia e um judeu faz um judeu".
As idéias eugenistas fizeram sucesso entre as elites intelectuais de boa parte do Ocidente, inclusive as brasileiras. Mas houve um país em que elas se desenvolveram primeiro, e não foi a Alemanha: foram os EUA. Não tardou até que os eugenistas de lá começassem a querer transformar suas teorias em políticas públicas. "Em suas mentes, as futuras gerações dos geneticamente incapazes deveriam ser eliminadas", diz o jornalista americano Edwin Black, autor de A Guerra contra os Fracos. A miscigenação deveria ser proibida.
Programas de engenharia humana começaram a surgir, inspirados por técnicas advindas de estábulos e galinheiros. O zoólogo Charles Davenport, líder do movimento nos EUA, acreditava que os humanos poderiam ser criados e castrados como trutas e cavalos. Instituições de prestígio, como a Fundação Rockefeller e o Instituto Carnegie, doaram fundos para as pesquisas, universidades de primeira linha, como Stanford, ministraram cursos. Os eugenistas americanos ergueram escritórios de registros de 'incapazes', criaram testes de QI para justificar seu encarceramento e conseguiram que 29 Estados fizessem leis para esterilizá-los.
As primeiras vítimas foram pobres da Virgínia, e depois negros, judeus, mexicanos, europeus do sul, epilépticos e alcoólatras. Segundo Black, 60 mil pessoas foram esterilizadas á força nos EUA. Em seguida, países como a Suécia e a Finlândia começaram programas parecidos.
Portanto, quando a Alemanha de Hitler começou a esterilizar deficientes físicos e mentais, em 1934, não estava inventando nada. Só que eles foram mais longe. "Hitler está nos vencendo em nosso próprio jogo", indignou-se o medico americano Joseph DeJarnette, que castrava pobres. Em 1939, os alemães começaram a matar deficientes, num programa de "eutanásia forçada". Médicos usaram o gás inseticida Zyklon B para eliminar 70 mil pessoas "indignas de viver". O programa foi suspenso após protestos, mas serviu de ensaio para os campos de concentração, onde Zyklon B exterminaria qualquer um que ameaçasse o projeto da raça pura e a conseqüente "melhora da humanidade".
"Hitler conseguiu recrutar mais seguidores entre alemães equilibrados ao afirmar que a ciência estava a seu lado", diz Black. "Seu vice, Rudolf Hess", dizia que o nacional-socialismo não era nada além de biologia aplicada." Com o carimbo da ciência, ainda que meio falsificado, ficou mais fácil compactuar com o absurdo nazista."
O interessante desta história é a proximidade com o caso atual das células-tronco. É o uso da ciência como justificativa para o extermínio. Os operadores do sistema mostram e fixam as descrições no futuro, a "melhora da humanidade", a raça pura, sem doenças, etc. Porém, não mostram os meios e os custos para se atingir o futuro e realizar os objetivos que perseguem.
É exatamente o que temos com as tais células-tronco. Mostram o futuro, a cura de doenças (já arranjaram um monte de doentes incuráveis para acompanhar a caravana da liberação do extermínio, ou seja, para sensibilizar e enganar a sociedade sobre suas pretensões), novos tratamentos, etc. Porém, não mostram os meios e os custos para se atingir o futuro que descrevem. Não dizem que as pesquisas envolve o extermínio de embriões e fetos ou o extermínio de vida que eles consideram inviável. Usam, mais uma vez, o carimbo da ciência, para justificar práticas de extermínio.
Contudo, assim como na história dos Nazistas, o começo não é tão violento quanto o meio e o final da história. No caso das células-tronco o começo envolve apenas alguns embriões e alguns fetos considerados inviáveis. Nada mais do que isto. Porém, a ampliação das pesquisas ou o advento de uma 'possível' descoberta irá gerar uma grande demanda por mais embriões e fetos.
Então, já não buscaram mais embriões e fetos inviáveis, pois já utilizaram tudo o que existia nos estoques. Logo, começarão a buscar e gerar novas fontes. Podem, inclusive, gerar um mercado de embriões, incentivar a produção de fertilização in vitro para produzir embriões e fetos, ou então, trabalharem para a liberalização do aborto. As mães abortam nas clínicas científicas que não cobram nada pelo serviço e ainda pagam uma quantia para a mãe do exterminado. fazem isto para ficarem com o feto que irão utilizar nas pesquisas ou como matéria-prima de seus medicamentos.
A mídia está gerando uma forte neblina para obscurecer a consciência da população. Fixa nos resultados e não conta o custo para se alcançar tais objetivos, ou seja, não diz quantos serão exterminado pelas pesquisas e depois pelos processos industriais que usam céluluas-tronco para produzir medicamentos, etc....