Os grupos paramilitares no Rio de Janeiro
Os grupos paramilitares que estão se disseminando no Rio de Janeiro mostram, mais uma vez, a estupidez das políticas de repressão às drogas, ou seja, o surgimento desses grupos paramilitares é conseqüência direta da criminalização dos entorpecentes e do aparato militar, seja legal ou ilegal, que acompanham tais políticas.
Mais do que isso, esses grupos paramilitares estão se estruturando e construindo em cima das fraquezas das facções criminosas que dominavam as comunidades. Facções que se caracterizavam pela fragmentação e disputa de territórios. Além disso, o avanços dos paramilitares está catalisando a união das antigas facções criminosas e formando as condições necessárias para a explosão de uma guerra civil sem fim.
É válido observar ainda que, a partir da entrada dos paramilitares nessa história, podemos falar, sem nenhuma dúvida, que está ocorrendo uma "colombianização" do Brasil. A única coisa que está faltando nessa guerra civil é o discurso político contra o governo central.
Outro ponto que deve ser observado deriva do fato dos grupos paramilitares constituírem uma reorganização da criminalidade, ou seja, os narcotraficantes, pertencentes a facções fragmentadas e sem um comando centralizado, estão sendo expulsos e dando lugar aos grupos paramilitares estrategicamente organizados e com comando centralizado.
Apesar do discurso de proteção das comunidades, esses grupos não deixam de ser uma vertente da criminalidade, agora sim, organizada. O discurso social serve apenas para ganhar o apóio e a confiança das comunidades, legitimando a presença e posição desses elementos nesses locais.
O lado criminoso dos paramilitares evidencia-se na exploração de serviços clandestinos de TV a cabo, na cobrança de ágio na venda de gás e na cobrança compulsória de mensalidade dos moradores. Logo, esses grupos são constituem a mesma forma de opressão e de exploração das comunidades pobres e excluídas.
Certamente, mais dias ou menos dias, após expulsarem todos os narcotraficantes, os grupos paramilitares anunciarão o retorno do negócio das drogas, ou seja, colocarão na entrada das comunidades uma placa bem grande dizendo: "NARCOTRÁFICO SOB NOVA DIREÇÃO". Essa afirmação é uma conseqüência lógica da essência desses grupos que é a obtenção de lucros e dinheiro fácil. Certamente, não irão abandonar o narcotráfico, que é um negócio de milhões, pela exploração clandestina de TV a cabo.
Além desses grupos paramilitares não possuírem as fraquezas das organizações criminosas tradicionais, são constituídos por policiais, bombeiros, guarda-civis, menbros de serviços de inteligência, etc. Nesse contexto a questão que se impõe é a seguinte: quando esses paramilitares assumirem o negócio das drogas, virando narcotraficantes, e blindarem as comunidades, transformando-as em fortaleza, quem irá combatê-los ? Com que força ? Se o Estado não conseguiu derrotar narcotraficantes desorganizados e estúpidos, como poderá derrotar grupos paramilitares treinados pelo próprio Estado ?
Portanto, mais uma vez a única saída possível, capaz de conter e quebrar essa escalada de violência e morte, é a descriminalização das drogas, ou seja, temos que secar a fonte de recursos que financiam as armas, os atentados, as facções, os paramilitares e a violência.
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É preciso observar...
Uma coisa é certa: os ataques no Rio de Janeiro estão sendo praticados pela criminalidade meio organizada. Contudo, quem está atacando: os narcotraficantes das favelas ou as milícias disfarçadas de narcotraficantes tentando legitimar as suas ações e as sua presença nas comunidades ?
O surgimento dessas milícias criam o ambiente adequado para a explosão de uma guerra civil sem fim. De um lado os paramilitares, de outro os narcotraficantes e no meio os moradores das comunidades. E o que está em jogo é o negócio da drogas. Os paramilitares estão cativando as comunidades para assumirem o lugar dos narcotraficantes e se instalarem definitivamente nesses locais. Depois de instalados e controlando os moradores, etc, reabrirão as bocas de fumo com uma placa bem grande na porta: "SOB NOVA DIREÇÃO".
Além disso, os ataques dos últimos dias tiveram outro grande efeito: desviaram as atenções que denunciavam as manipulações da GLOBO na política brasileira. As denúncias e matérias que descortinavam as tramóias e conspirações orquestradas nas redações da GLOBO foram substituídas por manchete de ônibus queimados, ataques a polícia, etc. Acontecimentos tão convenientes que eu chego a pensar que tem o dedo da GLOBO nos ataques. Será ?!!!
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