domingo, 10 de dezembro de 2006

Os frutos de minhas palavras

Eu sou a esperança de muitos. Para muitos eu sou o escolhido para liderar a luta contra o sistema e contra os grupos dominantes, contudo, para outros não sou nada, não sou ninguém. Talvez apenas mais um, iguais a eles, que nasceu para servir ao sistema e aceitar as coisas como são. Mais um que nasceu para seguir ordens, normas e regras. Mais um que nasceu para acreditar na imutabilidade do sistema e de suas regras.

Nesse contexto é preciso diferenciar quem é quem, ou seja, quem são aqueles que acreditam e depositam suas esperanças em mim e quem são os outros, isto é, aqueles que me vêem apenas como um pacato cidadão.

Posso identificar esses grupos analisando o campo onde semeio as minhas palavras. Assim, as pessoas para as quais estou falando nesse momento e que estão lendo esse texto, não acreditam em mim, não acreditam nas minhas propostas, não acreditam nos meus projetos. Essas pessoas não me ouvem

O descrédito deriva do fato delas não precisarem de minha ação ou proteção. Elas não precisam da minha força e ousadia para terem esperança e fé. Mais do que isso, elas não precisam de esperança. Logo, não atribuem nenhum valor àquilo que eu digo e nem param para me ouvir. São pessoas bem protegidas. Cercadas por altos muros e vigiadas por seguranças particulares. São pessoas bem alimentadas. Comem três vezes ao dia ou então toda hora. Pessoas que tem moradia e um bom salário por mês. Nessa ceara e com essas pessoas as minhas palavras são meros grãos de poeira ao vento, palavras que não ressoam, não ecoam e não produzem frutos.

O meu público, as pessoas que me ouvem e acreditam em minhas ações e projetos, assim como aquelas que vêem em mim um raio de esperança, não lerão este texto, pois não tem acesso a internet. Talvez não tenham nem energia elétrica ou saibam ler. São pessoas que não tem voz e não tem nenhuma força diante da inexorabilidade do sistema. Pessoas que não aparecem como pessoas, mas sim como coisa, quando morrem e viram um amontoado de carne inanimada, aí sim elas aparecem na TV, nas estatísticas de homicídio do governo, no laudo de morte do inquérito policial. Fora disso são apenas mão-de-obra barata para o sistema, empregados e escravos dos grupos dominantes - faxineiros, motoristas, empregadas domésticas, jardineiros, lixeiros, etc.

A minha voz ecoa nas periferias, nas favelas e nos guetos. A minha voz retumba no reino do narcotráfico e dos narcotraficantes - as favelas, as periferias, etc. A minha se alastra como fogo na palha entre os excluídos, os oprimidos e os explorados. A minha voz é um alento entre as pessoas que pairam à beira do abismo e precisam de um raio de esperança para continuarem lutando e resistindo às injustiças, à opressão e à tirania do sistema.

A minha voz ecoa nesses lugares e entre essas pessoas porque eu falo em oportunidades e construo projetos que concretizam tais oportunidades. Porque eu falo em redução das desigualdades e construo projetos que visam reduzir as desigualdades. Porque eu falo em diminuição da pobreza e apresento projetos que afastam a pobreza das comunidades. Mais do que isso eu reúno e aglutino em meus projetos e em minhas ações todas as vozes que clamam por ajuda, proteção e esperança. Projetos e ações que serão construídos com a participação dessa gente e das comunidades, ou seja, terão o toque e a cara dos principais beneficiados. Isso porque meus projetos e minhas ações não são esmolas e nem caridade, mas programas de geração de oportunidades.

As pessoas que ouvem a minha voz e acreditam em meu projetos sempre conviveram com o dilema de ter de escolher entre estudar ou trabalhar para comer. Sempre tiveram que conviver com a ausência, com a falta de tudo, seja de bens materiais, seja de amparo emocional ou espiritual. Sobrevivem com o mínimo, o mínimo do salário mínimo. Pessoas que sempre viveram com migalhas e restos jogados fora pelo sistema, sejam os produtos de segunda, terceira ou última categoria, sejam as comidas recolhidas no lixo. Lixo para alguns, porém luxo e alimento para outros.

Entre essa gente desvalida e "desesperançada" a minha voz e o meu discurso rende frutos em abundância. Entre essa gente as minhas ações e os meus projetos são motivos de alegria e felicidade, pois representam um raio de esperança, um caminho para um futuro melhor, uma oportunidade para saírem da lama e alçarem vôo rumo uma vida melhor. Para essas pessoas os meus projetos, as minhas ações e os meus discursos geram esperanças e fé, pois visam criar oportunidades, sem distinções de quaisquer espécies e visando quem mais precisa de ajuda. Lembro que o Brasil é um país que tem muita gente que não tem nada. Contudo, não ter nada é um luxo para muitos, pois existem pessoas que, além de não terem nada, ainda devem tudo aquilo que porventura venham a ganhar.

Enfim, a minha voz ecoa entre os excluídos, os oprimidos e os explorados. E são esses cidadãos que irão formar um exército que marchará contra o sistema e contra a tirania e a opressão implantada pelos grupos dominantes.

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